O tempo das imagens: caleidoscópio de máscaras....voyeurismo total! O universo cibernético desnudou até mesmo aquela prima mais casta. Tudo virou público, futricado, estereotipado. Mas mesmo com tantos blogs, sites, vídeos, podcast etc, nenhuma tecnologia é capaz de alcançar a fotografia real de um ser. A essência nunca é escancarada. Doamos sempre a platônica réplica das réplicas. Toda confissão é mero simulacro do real. Assim como "... a melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada..."( Machado de Assis), nenhum olhar, gesto, ou sorriso esboça uma só gota do peso de uma alma.
Quanto mais buscamos a total exteriorização do cru, mais temos a chance de pisar no terreno da ficção e aí.... viramos seres "virtuais": inventamos histórias, enfatizamos fatos corriqueiros, amenizamos dores nada fantásticas, ornamentamos sentimentos banais.
Num carnaval ao avesso, não nos dirigimos aos outros indagando, como na canção de Chico " Quem é você, diga logo que eu quero saber o seu jogo". Ao invés de tirarmos as máscaras descobrindo as faces verídicas, fabricamos outras tantas e trocamo-las num ritual de desencontros que remete a outro verso da referida música ... " Mas é carnaval, não me diga mais quem é você... O que você pedir eu lhe dou...Seja você quem for, seja o que Deus quiser ." Criamos uma vida ficcional que se entrelaça com o próprio cotidiano. Onde termina o real e começa o mero devaneio? No fundo tudo é um grande saco de serpentinas e lantejoulas. Meramente sugestão.... e ficamos sempre embriagados com o brilho artificial do fingimento, tal qual o brilho das estrelas -lâmpadas há muito tempo apagadas...
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ResponderExcluirVocê é surpreendente Dai. Ainda bem, que para felicidade geral, você decidiu nos brindar com textos tão mágicos. Parabéns!
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