Farejo delicadezas advindas de trincas, brechas, periferias, superfícies e profundezas. Todos os sentidos atiçados na procura de ternuras diversas.
Quero mil ternurinhas: As óbvias como beijo em dia de chuva, colo de mãe quando estamos doentes, perguntas infantis, gargalhar com amigos, viajar numa canção, filme, imagem, palavra. Café quente em dia frio na casa da avó, descobrir um lugar legal para ir....
Quero também as ternurinhas omitidas: Do cacto que às vezes se abre em flor, do amarelo de cheiro impregnante que se desponta na sequidão do cerrado em ipês, pequi, coco macaúba....
A ternura que se derrama num telefonema para dizer "oi", no presente que se recebe sem esperar em dias estranhamente tristes.
Quero a ternura que emana das agendas antigas ao constatar, com sangue ritmado pela nostalgia, que muitas metas enumeradas já foram percorridas...
A ternura que levanta-se quando cai de um livro, cd, ou caixa antiga: pétala de rosa vermelha(prenúncio de uma paixão já finda), papel de bombom, ideias anotadas à esmo num guardanapo de retaurante, num ingresso de cinema, num fragmento tão banal, tão corriqueiro, que até se assusta, desnudado, quando percebe que não é mais lixo cotidiano e tornou-se "super star" no terreno da memória, no lembrar/deslembrar.
Quero a ternura da história de amor dos tios, dos pais, do vizinho, da mulher que chora no ônibus. A ternura do corpo nu e o enigma do corpo encoberto. A ternura de um casal de velhinos...
Quero até mesmo a ternura dos dias de melancolia, quando o peito se enche de tristeza. São nesses dias que lembramos das melodias e versos mais dolorosos e _ por que não? _ mais belos; e compomos as metáforas mais dignas...
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