quinta-feira, 1 de abril de 2010

O amor requer registros...

É uma forma de tentar eternizar o fulgaz momento. Adolescentes escrevem os nomes enamorados em troncos de árvores, capas de caderno, palma da mão...
Há circunspectos adultos que confessam, num misto de nostalgia e humor, que já escreveram em gomos de bambu para que o amor do casalzinho infantil crescesse junto com a planta. 
E o que dizer das cartas de amor??? Tentativa de dar nome para aquele sentimento que o significado está sempre além...em todo lugar/nenhum lugar: o querer bem!  
Outro dia recebi cartinha do meu namorado e lembrei-me dos versos de Fernando Pessoa sob a voz de Álvaro de Campo:

"Todas as cartas de amor são

Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
(...)

Álvaro de Campos, 21-10-1935  

Bom....não achei a cartinha do meu amor nada ridícula! Pelo contrário, bem real, repleta de sentimentos nobres e sonhos possíveis. Mas, se amar  e escrever cartinhas for mesmo patético, assumo a sina. Deem-me logo o narizinho vermelho que quero entrar na fantasia. Tanto que corri para responder as palavras amorosas.

A vida é efêmera...o amor quer se fazer eterno, palpável na sua matéria feita de quimeras, por isso exige registros...
Alguém sabe onde encontro um pé de bambu para desenhar as iniciais dentro de um coração??? Também nos imaginamos perenes nesses momentos...      

   

2 comentários:

  1. Bravo, Daiane!
    Que lindo texto! Suave, verdadeiro, belíssimo!
    Só não vale escrever na areia da praia( como o coração da foto ), pois a onda apaga... rs...

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  2. Adorei.
    Acho que preciso do nariz vermelho também...rsrs.
    Super beijo amiga.

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